WellBeing Blitz: construir ambientes alimentares mais saudáveis e sustentáveis através do envolvimento da comunidade
O projeto WellBeing Blitz é um esforço coletivo entre quatro instituições académicas e três Municípios em Portugal para promover ambientes alimentares que levem a escolhas mais saudáveis e sustentáveis, particularmente em adolescentes e jovens adultos.
“Este é um tema extremamente relevante, desde o nível local ao global. Por exemplo, de 1990 a 2022, a prevalência de excesso de peso em crianças dos 5 aos 19 anos aumentou de 8% para 20%, e em Portugal o cenário atual é ainda mais alarmante”, explica Maria Vicente, da Plataforma de Ciência Aberta - Município de Figueira de Castelo Rodrigo, coordenadora do projeto WellBeing Blitz.
“Por isso, e tendo em conta a dimensão deste problema e a necessidade de criar soluções que resultem de um esforço comunitário, o projeto WellBeing Blitz foi testado em quatro locais em Portugal, com contextos geográficos e socioeconómicos diferentes - Figueira de Castelo Rodrigo, Covilhã, Viseu e Sintra.”
Em cada uma destas localidades, os parceiros do projeto trabalharam em conjunto com grupos de alunos do ensino secundário e universitário - os cidadãos cientistas - que analisaram a oferta alimentar dos estabelecimentos alimentares em torno das suas escolas ou universidades, e o respetivo grau de concordância com a Dieta Mediterrânica.
Esta avaliação foi o culminar de um processo de envolvimento da comunidade, envolvendo diferentes atores e dinâmicas, implementado de forma enraizada e personalizada em cada localidade.
O primeiro passo foi o envolvimento da comunidade educativa e dos alunos que se tornariam cidadãos cientistas, através de sessões de sensibilização nas escolas/universidades, que incluíram a avaliação, para cada aluno, da sua adesão à dieta mediterrânica (com as ferramentas MEDAS e KIDMED 2.0). No total, participaram 133 jovens de Figueira de Castelo Rodrigo, Covilhã e Viseu, cujo grau de adesão à DM é baixo para 31% e moderado para 44%. Constatámos ainda 44% dos jovens participantes almoçam, pelo menos, uma vez por semana num restaurante, 52% num estabelecimento de fast food, e 39% nunca almoçam no refeitório escolar.
O segundo passo foi a comunicação com os estabelecimentos alimentares, onde a mensagem principal se centrou na promoção de um sentido de responsabilidade coletiva no desenvolvimento de hábitos alimentares nos jovens. Nalgumas localidades, esta ação envolveu a organização de jantares comunitários com alunos, direcções de escolas e profissionais de estabelecimentos alimentares e centros de saúde locais. Noutras, as associações empresariais foram envolvidas, desempenhando um papel fundamental como intermediárias com os estabelecimentos alimentares.
Dos 66 estabelecimentos avaliados, 76% apresentaram uma concordância muito baixa com a Dieta Mediterrânica (utilizando a ferramentas MEDCIN-R).
Como celebração final, em cada localidade, foi organizado um encontro comunitário, para o qual todos os intervenientes foram convidados a discutir os resultados do projeto e a refletir sobre os próximos passos, enquanto degustaram petiscos saudáveis e deliciosos, confeccionados com produtos locais e sustentáveis.
Da avaliação de processo (n=84), 94% dos jovens disseram estar satisfeitos e acreditam que podem ter um papel importante na melhoria dos ambientes alimentares.
O envolvimento ativo dos jovens numa iniciativa de ciência cidadã demonstrou ser uma abordagem promissora, possibilitando alcançar um “barómetro do ambiente alimentar” conduzido pelos cidadãos.
“Este é um projeto muito especial, e estamos gratos ao Programa IMPETUS Accelerator pela oportunidade de juntar investigadores de diferentes instituições académicas - Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viseu; Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa; Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto; - e três autarquias - Pólo da Qualidade e Alimentação, Município de Sintra; Biblioteca Municipal, Câmara Municipal da Covilhã; Plataforma de Ciência Aberta, Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo - para trabalharem em soluções que possam contribuir para um bem comum”, conclui Maria Vicente.
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